CRONICA DE UMA ELEIÇÃO VICIADA - 2016

01/10/2016 01:53

Ou como tomamos conhecimento de que nos assaltavam a cada ano.

 

Eu me lembro que, ainda num passado não muito distante, dos dias de eleições. Ficávamos preocupados de véspera temendo ser chamados para sermos mesários e nos preparávamos para ir cumprir a nossa função cívica obrigatória.

A ideia era ir cedo, para acabar logo com a penúria, mas era muito legal rever amigos mesários e outros circulando pelos corredores estreitos das escolas.

Não tínhamos todos os candidatos e nem nos importávamos com as siglas e seus números. Pegávamos o nome ali mesmo, na hora, verificando as listas nas paredes.

Escolhíamos aleatoriamente, pelo nome, outros pelo apelido e alguns até pelos números que tinham.

Mas não tínhamos uma consciência política.

Em verdade creio mesmo que as noticias nem eram publicadas acerca de desvios aqui e ali.

Só sabíamos que éramos obrigados a votar, porque se não votássemos pagaríamos uma multa (nem sabíamos seu valor) ou mesmo pode

ríamos perder nossos empregos.

E íamos todos passando pelas pilhas de papel picado, os cartazes se sobrepondo nos postes ou as paredes pintadas com os nomes dos candidatos.

Vez ou outra nos estertores de boca de urna passavam carros de som com a zoeira de sempre.... Algumas musiquetas ficavam na lembrança após as eleições mas nem de longe suspeitávamos de onde vinha o financiamento disso tudo.

Nunca nos preocupamos com isso...

Nem mesmo conhecíamos ou ouvíamos falar dos trabalhos desses políticos eleitos e nem nos importava mesmo quem havia ganhado. Ao final de dois meses sequer lembrávamos em quem tínhamos votado.

Ano após ano, legislatura após legislatura, as coisas foram acontecendo.

A cada ano gastava-se um pouquinho a mais.

De repente o dinheiro começou a faltar... na fonte... no governo.

Não conseguíamos entender porque projetos de estado eram tratados como de governo e a cada troca a nova RENCA parava os projetos anteriores.

Muitas vezes os projetos eram até mesmo INAUGURADOS pouco antes das eleições e depois abandonados. E o pior, nem mesmo alguns tinham sequer começado.

Mas já estavam inaugurados....

Tivemos que assistir o país ser DESTROÇADO, ANIQUILADO e FICAR A MINGUA para nos darmos conta do que acontecia nesses bastidores.

Nunca antes na historia desse país fomos tão aviltados, roubados e escachados internacionalmente como agora.

Os políticos foram se enchendo a cada ano de mais e mais benesses em seus vencimentos...e dobrando, triplicando seus patrimônios. Hoje ser político é para sempre...é profissão que passa de pai para filho. Não apenas enquanto na sua legislatura, mas na sua aposentadoria antecipada.... Que maravilha....

Vamos levar muito tempo para nos recuperar.

Ainda nada foi feito.

A um longo caminho a 

ser trilhado e que somente começará a ser escrito a partir das eleições de 2018.

Se conseguirmos chegar até lá sem uma revolta armada ou mesmo uma intervenção militar talvez comecemos uma recuperação de muitos anos....

O problema é que o brasileiro já nasceu sem vergonha, bandido por natureza e essa situação não vai acabar apenas se transferirá para daqui há dez ou doze anos... e tudo voltará a ser como antes no quartel de Abrantes.

Não se faz nação com políticos safados, nem tampouco safados que geram e votam nesses políticos.